No começo do ano de 2011, me matriculei num curso teológico na cidade de São Paulo. A experiência de adentrar um ambiente acadêmico e teológico, tem me desafiado a pensar de forma autêntica aquilo que todo mundo comumente pensa. A própria essência do labor teológico é o pensamento autentico e pratico onde se organiza aquilo que se pensa sobre Deus, o homem e a relação Deus/homem. Um dos assuntos sobre os quais mais tenho pensado é sobre a vontade e soberania de Deus. Desde muito cedo, aprendi na escola bíblica dominical, que Deus tem uma vontade específica para todas as pessoas e que, o grande segredo da vida, seria o descobrimento e a experimentação dessa vontade. Seguindo esse conceito teológico, é que muitos jovens ainda hoje, oram juntos antes de namorar, e se descabelam para escolher uma profissão. No ano de 2007 chegou em minhas mãos o livro: “Como fazer e compreender a vontade de Deus”, dos autores, Garry Friessen e Robin Maxson. Para mim, ler esse livro, foi como ter tirado uma venda dos olhos, sobretudo no que diz respeito a esse assunto da vontade de Deus. Segundo os seus autores, a vontade de Deus para nós, é que andemos em seus caminhos em concordância com a sua Palavra. O que passar disso, é decisão pessoal de cada um. Portanto, se hipoteticamente estou querendo namorar, e tenho como opções, duas moças, sendo uma loira e a outra, uma moreninha, não devo orar a Deus pedindo esclarecimento sobre qual delas é a opção correta para mim. O que preciso fazer numa situação dessas, é escolher a opção que melhor se encaixa no meu perfil. Deus não me castigará se eu optar por aquela que mais me agrada. A vontade de Deus sempre passará pelo o crivo de nossas escolhas, diz Garry Friessen e Robin Maxson. Após o contato com essa obra teológica, me senti mais leve e mais desencanado em relação a vontade de Deus para minha vida. Mas, ainda assim guardei algumas dúvidas e suspeitas em relação a esse assunto. Uma grande dúvida que ainda continuei abrigando na mente e no coração, foi sobre a relação entre soberania de Deus e o livre-arbítrio humano. “Se Deus está sujeito as minhas escolhas e decisões pessoais, então Deus está preso a postulados teológicos e por definição ele não é soberano”. Essa era a minha suspeita em relação a essa forma de se pensar a vontade de Deus. Entendi o conceito da vontade de Deus expresso no livro “Como fazer e compreender a vontade de Deus”, como sendo o mais bíblico e racional. Mas, ainda não estava disposto a amarrar Deus nesse posicionamento teológico. A minha libertação, ou seja, o esclarecimento das minhas dúvidas e suspeitas, se deu por meio de uma conversa libertadora que tive com um grande amigo, há uns quatro anos. Estávamos saindo de uma culto de domingo, em nossa igreja e enquanto conversávamos no caminho de volta para casa, chegamos ao assunto da vontade de Deus. Naquele momento, uma "ficha caiu" na minha mente, e assim, amadureci as minhas idéias e conceitos a respeito do tema, chegando a algumas conclusões. As conclusões a que cheguei foram as seguintes: Deus quer que tomemos decisões sérias e maduras e para nos ajudar nesse processo, ele escolheu respeitar o nosso livre-arbítrio. Inferi também, que a vontade de Deus está envolta por um paradoxo. Deus comumente não opera através de uma vontade específica, mas em muitos casos, ele assim o faz. Deus é soberano. Sua soberania implica em desfazer regras e postulados teológicos. Ele é o Deus que lhe permite escolher a loira ou a moreninha, abençoando-o independente de qual seja a sua escolha. Mas, ele também é o Deus que direciona você a escolher a loira ou a moreninha, abençoando-o conforme a sua escolha. Pense e amadureça, mas, não tente prender Deus em nenhuma doutrina ou regra teológica. Lembre-se: Deus não pode ser estudado! Siga o Cristo crucificado!
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