No ano de
1981, Harold Kushner, um jovem rabino norte americano, motivado pela
trágica notícia de que seu filho Aaron de apenas 3 anos de idade, morreria de
uma doença rara, escreveu o polêmico livro "Quando coisas ruins
acontecem a pessoas boas". O livro causou um "frisson" nos
círculos teológicos de todo o mundo, pois sua argumentação principal, é a
figura de um Deus que não tem o controle do futuro e que sofre quando coisas
ruins acontecem a pessoas boas. Li o livro de kushner; me comovi com a sua
argumentação, mas não concordei com a interpretação teológica que ela faz
de Deus em relação ao sofrimento. O Deus de Harold Kushner, é um Deus bom,
gracioso, mas limitado. Ele pode fazer previsões do futuro, mas não pode
controlá-lo. Quando pensamos na figura divina como essa formulada por Harold
Kushner, nos sentimos amados, porém não nos sentimos seguros e protegidos. Um
Deus que não sabe o porquê das coisas, não serve para nada. Deus não é um ser
limitado que não consegue discernir a razão de coisas ruins acontecerem a
pessoas boas. Deus sabe e está no controle de situações trágicas. Ouvir tal
declaração, soa como sadismo quando estamos experimentando sofrimento e dor.
Como dizer isso para uma mãe que recebe a sórdida notícia de que seu marido
estuprara a sua filhinha de apenas um ano de idade? Como pode Deus estar no
controle, quando se descobre que se está com um tumor maligno em estado
avançado? Nessas horas o Deus limitado do rabino Harold Kushner faz sentido. Um
Deus soberano que deixa coisas ruins acontecerem a pessoas boas, é um Deus
sádico e terrorista. Essa é a nossa tendência natural de pensarmos e de nos
posicionarmos diante do sofrimento. Queremos explicar a soberania de Deus. Não
aceitamos um Deus que permite tais coisas acontecerem. Quando nos voltamos para
a Bíblia, encontramos um Deus misericordioso, que chora com os que choram, mas
que está no controle de todas as situações. Um Deus que não dormita, ao qual
nada passa despercebido. Esse Deus está revelado na pessoa de Jesus Cristo.
Quando lemos os evangelhos, podemos sondar o Deus que criou o universo. Jesus,
o Deus-homem, é a face humana de Deus. A Bíblia relata que no tempo em que
Jesus viveu entre nós, coisas ruins aconteceram a pessoas boas. No evangelho de
Lucas, capítulo 13, Jesus menciona uma tragédia que havia acontecido em seus
dias. Uma torre (A torre de Siloé) caíra sobre dezoito pessoas boas e
religiosas, levando-as a morte. Jesus termina o seu discurso dizendo que essas
dezoito pessoas eram inocentes; comunicando assim, que coisas ruins
acontecem a pessoas boas, mesmo Deus estando no controle do universo. A única
solução para todos nós em meio ao sofrimento é abrir o coração e deixar Deus
ser Deus. É tolice e engano, formular um Deus que se adeque as nossas
racionalizações e emoções. Deus está no controle, como um capitão que direciona
um navio sob grande tormenta. Pode parecer que ele está dormindo, não
importando que morramos, quando na verdade ele está ouvindo tudo, no controle
da situação. Deixe Deus ser Deus. Aceite o sofrimento como uma experiência
natural da vida. Siga o Cristo crucificado!